Xangô um dos Orixás mais temidos pelo fato de ser Ele o determinador da Justiça e quem ativa a Lei em nossas vidas, fazendo valer o ponto que diz “quem deve paga e quem merece recebe”. Portanto, oferendar Xangô é muito forte e muito especial, é nesse momento que devemos baixar nossas cabeças e permitir que seja feita a vontade de Deus e não a nossa. E é esse o “espírito da coisa”: não se oferenda Xangô para pedir a nossa justiça, mas a justiça Divina. Infelizmente, isso pouco acontece pois as pessoas estão viciadas em seus desejos e julgamentos e vão logo aos pés do Grande Rei Xangô pedir seus desejos, o que é um grande erro. Devemos oferendar Xangô para buscar e pedir equilíbrio entre a razão e a emoção, a justiça, a sensatez, a razão, a determinação e a coragem para recebermos aquilo que merecemos. Pedimos a Ele que nos mantenha sensatos e livres de quaisquer julgamentos, tanto os que emitimos quando os que recebemos.
Quem tem a proteção de Xangô sabe: não há nada nem ninguém que destrua um filho desse orixá. Podem até conseguir levá-lo ao fundo do abismo, mas depois de algum tempo ele renasce com mais vigor e volta a enfrentar o mundo de peito aberto. Sem medo. Essa é uma característica herdada do pai, Xangô, entidade mais forte do Candomblé brasileiro. São dele a força, o poder e a capacidade de fazer e desfazer todas as coisas. Mas ele não age sem uma boa razão: Xangô tem um senso de justiça muito acentuado. Exige exclusividade, mas nunca consegue resistir a uma aventurazinha. Segue os passos do pai, marido de muitas esposas, das quais as prediletas são a dengosa Oxum e a guerreira Iansã - esta, a parceira ideal, pois o acompanha a todas as frentes de batalha, luta sempre ao seu lado, ajudando-o a derrotar os inimigos.
São essas as características que os filhos de Xangô exigem dos parceiros.
Ousados e cheios de iniciativa, quando se apaixonam, fazem o impossível para conquistar o ser amado. São diretos, sem rodeios, vão logo ao que interessa.
Atrevidíssimos, não descansam enquanto não conseguem o que querem. E adoram variar as relações amorosas.
Xangô é o próprio Fogo, energia inesgotável, devastadora. Ninguém fica imune ou indiferente à sua passagem. Não há como ignorar a pompa e a altivez desse integrante da alta aristocracia africana que um dia, encurralado pelas lutas em torno do poder, acabou se suicidando em plena selva.
Preferiu a morte a perder a dignidade. Além disso, Xangô nunca suportou disputas pelo poder.
Tem consciência de que só ele possui as qualidades necessárias para exercê-lo com vigor e justiça. Porque não conhece o significado das palavras obediência, submissão e medo.
Valente e protetor, ele foi rei de Oió, e fundou uma dinastia de heróis lutadores. Orixá da Justiça e do Fogo, Xangô é o quarto Alafin de Oió, e viveu em 1450 a.C., destacando-se pela sua valentia e liderança. Foi marido de Oxum, Obá e Oiá (Iansã).
Ele é filho de Oranyian, e tem Yamasse como sua mãe. Castiga mentirosos, infratores e ladrões. Por isso a morte pelo raio é considerada infamante, assim como uma casa atingida por uma descarga elétrica é tida como marcada pela ira de Xangô.
O xeré é um chocalho feito de cabaça alongada, que quando agitado lembra o barulho da chuva. Ele é um dos símbolos de Xangô.
Garboso, Xangô é conhecido também como o "dono das mulheres", mas mesmo assim frequentemente seus filhos do sexo masculino terminam a vida solitários. Um dos mais populares Orixás do Novo Mundo (não somente no Brasil, mas também nas Antilhas), seu arquétipo pode ser resumido assim: pessoa voluntariosa, altiva, mas que não tolera ser contrariada. Geralmente, imbuída de um profundo sentido de justiça e sinceridade, sendo bem consciente de sua própria dignidade e valor.
- Natureza: pedreiras, meteoros, minérios, tempestades, raios e trovões.
- Metal: bronze
- Pedra: Granada
- Talismã: fio de miçangas vermelhas e brancas.
- Oferenda: papa de quiabo batida (ajobó), feita com as mãos, em azeite de dendê, oferecida em pedreira, de preferência numa quarta-feira.
- Dia: quarta-feira.
- Cor: Marrom.
O Que São Oferendas?
Chamamos de oferendas rituais compostos de frutas, alimentos, carnes, bebidas, flores, louças e adereços que servem para oferendar aos Orixás, como uma súplica para se alcançar uma graça, bem como, para homenagear e cultuar um Orixá de forma a fortalecer nosso vínculo com a casa e com o mesmo.
Cada Orixá tem seus alimentos respectivos, suas flores, suas cores, suas bebidas e sua forma particular de culto, orações e invocações.
- Saudação: Kawó Kabiyécilé ou Caô Cabiecilê que significa “Venham ver o Rei Descer Sobre a Terra!”
- Símbolo: Os machados de duplo corte, que significa a alma em busca de equilíbrio e é também o símbolo da imparcialidade; A balança que significa a justiça de Oxalá; A estrela de seis pontas, associada com a sabedoria de Salomão e representando o equilíbrio entre o céu e a terra, a água e o fogo, o homem e a mulher, ou seja, representa o equilíbrio universal.
- Cores: marrom, vermelho, cinza ou ainda o roxo
- Instrumento: Oxé, machado de duas laminas, Xerém, espécie de chocalho que traz em suas mãos representando o despertar dos raios e dos trovões.
- Pedra: Pedra do Sol
- Ervas principais:Folhas de alecrim do campo, folhas de limão, folhas de mangueira, folhas da goiabeira, folhas de uva, folhas de beterraba, babosa, guiné, levante, lírio, violeta, folhas da ameixeira.
- Ponto de força:alto de uma pedreira ou cachoeira.
Cozinha ritualística:
1. Amalá / Agebo
2. Com feijão fradinho
3. Caruru
4. Rabada com angu / quiabos
5. Peito de boi com angu / quiabos
Oferenda: Velas brancas, vermelhas e marrom; cerveja escura, vinho tinto e licor de ambrosia; flores diversas, tudo depositado em uma cachoeira, montanha ou pedreira.
Amalá para Xangô
Ingredientes:
- 500g de quiabo
- 1 rabada cortada em doze pedaços
- 1 cebola
- 1 vidro de azeite de dendê
- 250g de fubá branco
Modo de preparo: Cozinhe a rabada com cebola e dendê. Em uma panela separada faça um refogado de cebola dendê, separe 12 quiabos e corte o restante em rodelas bem tirinhas, junte a rabada cozida. Com o fubá, faça uma polenta e com ela forre uma gamela, coloque o refogado e enfeite com os 12 quiabos enfiando-os no amalá de cabeça para baixo.